P. Qual é o seu verdadeiro nome?
R. O meu verdadeiro nome é Adolfo
Correia da Rocha, visto que Miguel Torga é um pseudónimo.
P. Porquê a escolha de um
pseudónimo?
Pretendi prestar uma homenagem a dois
grandes vultos da cultura: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno; e Torga por ser uma
planta brava da minha terra, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de
flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.
P. Onde e quando é que nasceu?
R. Nasci a 12 de Agosto de 1907 em
São Martinho de Anta, pertencente ao concelho de Sabrosa (Vila Real).
R. Em 1917, com dez anos, fui para uma casa do Porto, habitada por alguns
dos meus parentes, na qual servia de porteiro, moço de recados, regava o
jardim, limpava o pó e polia os metais da escadaria. No entanto, fui despedido
um ano depois, devido à constante insubmissão.
P. No ano seguinte, foi mandado para um
seminário. Como foi essa experiência?
R. Em 1918 fui mandado para o seminário de Lamego, onde vivi um dos anos
mais cruciais da minha vida. Foi lá que estudei Português, Geografia e História e também aprendi latim. No entanto, uma vez que não era minha vocação ser padre,
pedi ao meu pai para sair do seminário.
P. Qual foi então o seu percurso após a saída
do seminário?
R. No ano seguinte, isto é, em 1920 fui
trabalhar numa fazenda de um tio meu no Brasil. Ao fim de quatro anos, o meu
tio apercebe-se das minhas capacidades e fui continuar os meus estudos. Como
fui bom aluno, ao fim de cinco anos, e terminados os estudos liceais, enviou-me
para Coimbra, considerando que podia ser doutor.
P. Que área é que estudou na Universidade de
Coimbra?
R. Optei por Medicina por considerar ser minha
vocação cuidar dos outros, particularmente dos mais necessitados. Exerci
Medicina na minha terra natal e ao fim de alguns anos em Coimbra.
P. Como surgiu a sua obra literária?
R. Surgiu a partir da minha profunda admiração
e amor pela natureza e pela pessoa humana. A minha obra literária reflecte
também a minha revolta interior pela opressão daqueles que não tinham voz nem
vez, isto é, daqueles que viviam despidos da sua dignidade humana, marcada pelo
regime ditatorial implantado na sociedade portuguesa e
que durou até Abril de 74.
Fonte consultada: http://pt.wikipedia.org/ wiki/Miguel_Torga
(texto submetido a alterações)
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